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Em novo episódio do O Café e a Conta, fundador da Cia do Chopp fala sobre elementos fundamentais para a longevidade de bares e restaurantes

O convidado Tony Sousa no estúdio do podcast durante a gravação do episódio. Foto: Paulo Psilva

Tony Sousa, recebido pelo podcast O Café e a Conta em novo episódio, compartilha os principais aprendizados que teve ao longo dos 40 anos como empresário no setor de alimentação fora do lar.

Ele fala sobre a importância de desenvolver uma cultura organizacional e se adptar conforme a missão do negócio evolui. Tony também comenta estratégias importantes para este processo, como a atenção à equipe e integração dos funcionários aos princípios e objetivos do negócio.

O empresário reflete sobre o impacto destas ações na operação e no relacionamento com o cliente, o que significa para o estabelecimento ter uma missão definida e a importância dos processos estratégicos de organização e posicionamento no mercado.

Confira um trecho da entrevista:

O Café e a Conta: Quando falamos em problemas do empreendedorismo, quais os maiores desafios para o empresário de bar e restaurante?

Tony Sousa: Muitas vezes é a falta de planejamento, que leva à falta de uma visão clara do que se quer, de qual é a missão exata da empresa, quais são os valores que regem a empresa e, principalmente, qual é a visão dela.

Ou seja, quem nós somos, qual o nosso propósito, onde queremos chegar, como vamos fazer e que valores nos regem para isso acontecer.

E nessa pegada de qual é a missão, tem uns pontos, às vezes, meio fora da caixa, que os colaboradores trazem. É muito interessante. Por exemplo, nós abrimos a Cia de Sanduíches como uma hamburgueria, em 1984.

Quatro anos depois, ela muda de nome para Cia do Chopp por uma necessidade. Vieram as grandes redes, Mcdonald's começou, e o nosso cliente passou a experimentar aquela nova experiência. Vimos que a gente tinha que ir para um público novo e isso nos levou a redirecionar a missão da empresa.

Nós vimos que tinha um espaço para vender picanha, chopp, e o nome não fazia mais sentido, então mudamos para Cia do Chopp. Isso foi em 88, mas só próximo ao final dos anos 90, a gente reconstrói nossa missão. E isso veio por uma construção com a equipe. Nós perguntamos a eles qual era o nosso propósito, por que a gente existia?

Chegamos à conclusão de que a gente não vendia picanha, chopp ou comida, a gente vendia experiências, momentos de descontração, momentos de celebração. E eles poderiam se dar por momentos felizes e tristes.

Nós brincamos com a analogia ao Reginaldo Rossi, ‘garçom, aqui na mesa de bar’. Então, tinha um cara que ia curar a ‘gaia’ e tinha um que ia comemorar o noivado.

E nós tivemos momentos sublimes. Aqui no Nordeste tem um termo, que quando morre alguém querido, é como um rito, vamos dizer assim, que é beber ao defunto, ou brindar ao defunto.

Nós no Cia um dia fomos para a missa de sétimo dia de um cliente querido que vivia lá quase todo dia. Quando acabou a missa, os amigos, os familiares, filhos, esposa, todos, a gente se despediu e eu disse, ó minha gente, vamos lá para a Cia. E fizemos um mesão de mais de 20 pessoas.

Na hora eu quis pedir o uísque que ele bebia e nós fizemos um brinde em memória a ele. E aquilo foi um momento de celebração, foi uma experiência que marcou todos que estavam ali.

Ou seja, era literalmente a Cia do Chopp cumprindo a sua missão.

Isso. Um dos propósitos do bar e restaurante é esse. Começou a fazer sentido para os colaboradores o que era a missão. E quando você tem essa missão, você constrói a visão.

Onde é que eu vou estar daqui a um ano, daqui a cinco, a dez anos. Isso vai construindo o propósito, e para ele ser atingido, a gente tem que entender que a empresa precisa alimentar a cultura. Na hora de estruturar e de equalizar os recursos à hora de repreender. E esse repreender tem que ser reservado para não constranger, para não gerar trauma.

Mas a empresa precisa também se lembrar que ela tem que celebrar pequenas conquistas. E esse ambiente vai fortalecendo a cultura empresarial.

Na sua palestra, você diz que a empresa é um reflexo da mentalidade do dono, é um reflexo do dono. Eu queria que você explicasse isso.

Sim, principalmente quando a empresa é criada por um único fundador. Aí vai ser um reflexo dele total.

Para os lados bons e ruins?

Isso. E ele tem que entender que para criar a cultura, ele tem que criar uma equipe, tem que saber recrutar, selecionar, treinar, definir processos. Aquilo que ocorrer fora da expectativa, algumas vezes pode ser por limitações e falhas dos colaboradores, mas na grande maioria das vezes, a falha é da empresa. E se ele é sozinho, a falha dele.

Quando ele começa a ter essa humildade, aí começa a mudar o jogo. Precisamos entender que nós somos capazes de mudar o nosso comportamento, as nossas escolhas, mas a gente não muda as pessoas.

Assista ao episódio completo do podcast O Café e a Conta!

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