Eleito em novembro presidente do Conselho de Administração Nacional da Abrasel, Pedro Geraldo Paranhos Hoffmann é caxiense, tem 55 anos e começou sua trajetória ligada à gastronomia em 1985, em sua terra natal, com o Restaurante Belaria. Sua atuação na área gastronômica é consequência de um hobbie desenvolvido ao longo da vida, fazendo uma equilibrada combinação entre experiência profissional e gosto pessoal, o que resultou em empreendimentos de sucesso.
Em 1988, em Porto Alegre, montou o Al Dente, e em 1993, criou o Birra & Pasta, apresentando à cidade um novo conceito em termos de serviço, decoração e culinária; em 1995, participou da reestruturação do lendário IL Gattopardo. Em 1997 foi para Vila Velha, no Espírito Santo, onde montou os restaurantes Il Capitano e Titanic II.
Nesse mesmo ano, criou o cardápio e participou da montagem do La Caceria, especializado em carnes de caça, em Gramado. Logo depois, prestou assessoria para o Porto Alegre Country Club. Experiências de sucesso que transformaram seu nome em sinônimo de gastronomia de primeira linha. Hoje Pedro comanda o Becco Restaurante Bela Vista e o Becco Restaurante Praia de Belas, na rede de hotéis Blue Tree em Porto Alegre; além do charmoso Peppo Cucina.
Com seu espírito empreendedor, aliado ao desejo de ter um melhor ambiente de negócios para o segmento em que atua, como não podia deixar de ser, Pedro se tornou uma das atuantes lideranças do setor em seu estado e presidiu a Abrasel Rio Grande do Sul de 2006 a 2010 por dois mandatos consecutivos, sendo atualmente diretor do Conselho de Administração (CA) da seccional, além de integrar também o CA da entidade em nível nacional desde 2007. Nesta entrevista ele avalia o trabalho realizado até agora pela entidade e expõe algumas de suas metas de gestão.
Confira!
1. Você acaba de ser eleito para a presidência do Conselho de Administração Nacional da Abrasel. Quais são os planos e prioridades para sua gestão?
Para fazer cumprir a missão da Abrasel que é representar e desenvolver o setor de alimentação fora do lar, promovendo ações que contribuam para o crescimento sustentável do Brasil, entre os planos do meu mandato estão: o fortalecimento das ações de qualificação e desenvolvimento das empresas do setor, a continuidade da consolidação do modelo de gestão aplicado que é a Governança Corporativa, o desenvolvimento das seccionais e regionais, e trabalhar para o aumento das parcerias estratégicas da Abrasel. Além disso, vamos estimular que estas parcerias firmadas até agora continuem e buscar novas.
2. Falando então sobre a Governança Corporativa, que foi um grande investimento feito pela Abrasel nos últimos anos. Quais foram os principais ganhos que essa mudança de postura trouxe para a entidade? E como será a evolução deste trabalho daqui pra frente?
A Abrasel tem hoje um dos mais modernos sistemas de Governança entre as entidades sem fins lucrativos. Somos uma das ONGs no país que tem auditoria externa independente. Isto nos fez ter também credibilidade interna entre associados e parceiros, o que nos permitiu dar passos cada vez maiores. O que colaborou para implantação desse sistema foi a estruturação de uma equipe executiva, altamente qualificada na Nacional. E algumas seccionais também caminham nesta mesma direção como Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e estão trabalhando neste sistema de Governança Corporativa.
3. Como já atuava como conselheiro nacional da Abrasel, qual balanço você faz do desempenho e crescimento da entidade nos dois últimos anos ? Quais foram os principais avanços?
Estes dois últimos anos foram muito bons e produtivos. A Abrasel cresceu muito, especialmente em direção ao interior dos estados, ampliando seu quadro de colaboradores e com mais qualificação para o setor. Além disso, teve o crescimento das parcerias privadas, especialmente as estratégicas como: Ambev, Ecolab e Souza Cruz.
4. Aproveitando para falar sobre as parcerias. A Abrasel tem desafios que convergem com aqueles enfrentados por outras instituições e como você disse muitas vezes trabalhou com parcerias importantes que apresentaram excelentes resultados. Quais dessas parcerias realizadas até o momento, você pretende manter e estimular, e quais poderão ser firmadas daqui pra frente?
Uma das grandes qualidades da Abrasel é conseguir estabelecer parcerias de qualidade e mantê-las por muitos anos. Isso não será diferente na minha gestão. Vamos cuidar com carinho, trabalhar muito com os atuais parceiros e buscar novos, sempre de maneira muito criteriosa, com base em interesses estratégicos nossos que sejam convergentes com os de nossos parceiros.
5. A Abrasel realizou recentemente diversos projetos de capacitação dos profissionais e gestores de empreendimentos do setor, um deles foi o Copa na Mesa. Quais serão os próximos passos neste sentido, especialmente pensando em eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016?
Os projetos da Abrasel buscam objetivos transformadores e o desenvolvimento do setor. No momento estamos com o Restaurante Inteligente (RI), em parceria com o Sebrae, que visa preparar um grupo de mil empresas para uso de um sistema de gestão. Especialmente para aquelas empresas que estão começando a entrar em um processo de gestão de negócios, ou seja, para quem está dando o primeiro passo nesta mudança de postura, o RI é um excelente instrumento de profissionalização. É uma porta para a entrada neste mercado, para começar a informatizar os processos no estabelecimento e aprimorar a forma de gestão, tendo acesso a um sistema de retaguarda de inteligência comercial. Este é certamente o projeto mais desafiador da Abrasel e a previsão é que seja concluído até abril de 2012.
Temos também o Copa na Mesa, que concluiu em outubro deste ano as metas estipuladas na primeira fase com a qualificação de 15 mil profissionais em 1.600 empresas, um sucesso que esperamos ampliar para outros destinos em parceria como Ministério do Turismo. Com as diversas mudanças que ocorrem no Ministério nos últimos meses ainda não temos um plano definido, mas continuamos apostando nesta parceria que tem sido muito produtiva.
6 – Como fica o Copa na Mesa neste início de 2012? Como a Abrasel pretende atuar para continuar a desenvolver o projeto até que o Ministério possa dar andamento aos convênios que, embora não tenham apresentado irregularidades, como é o caso da Abrasel, mas tiveram seus repasses de recursos paralisados?
Temos que esperar uma sinalização do Ministério sobre a continuidade da segunda etapa de capacitação ou não. Não temos como tomar uma decisão sem essa definição.
7. Como está a implantação do Sou Abrasel? Quais as vantagens que este novo modelo de associativismo traz para o setor?
O Sou Abrasel é uma forma nova, moderna e mais inclusiva de participar da associação. Sua implantação está em pleno andamento e o seu arrojo é o fator transformador que tem feito com que o seu desenvolvimento esteja sendo mais lento do que planejamos, mas é um processo sem volta. É um projeto que revolucionará o associativismo no país, levando conhecimento e benefícios aos empresários do setor, estejam onde estiverem. Isto é extremamente desafiador em um país com nossas dimensões e características, onde algumas de nossas quase 5.600 cidades só são acessadas fisicamente por quase 15 ou 20 horas de navegação. Queremos também por meio do Sou Abrasel chegar mais perto de pequenos empreendimentos. A maioria deles atua na informalidade e pretendemos, com o Sou Abrasel agir de maneira decisiva para resgatá-los para a formalidade oferecendo diversos benefícios para seus negócios.
8. Outra forma de representar o setor muito utilizada pela Abrasel foi a participação ativa em Fóruns de discussão, públicos e privados. Quais são os principais fóruns dos quais a Abrasel participa atualmente e como será conduzida a presença da entidade nesses espaços daqui pra frente? Quais são suas expectativas?
A Abrasel, com sua credibilidade, tem sido convidada para participar de importantes fóruns. Um que merece destaque é o fórum permanente das MPEs ligado ao Ministério da Indústria e Comércio, onde também tivemos importantes atuações de outras entidades representativas do setor como a ABF e a FBHA. É preciso ressaltar que a Abrasel também tem assento no Conselho Nacional de Turismo do MTur, com atuação decisiva no debate sobre políticas públicas eficientes para o setor. Nossa participação em qualquer fórum será sempre avaliada do ponto de vista da efetividade da nossa presença em relação aos interesses do setor e da entidade. Não adianta só ocupar espaço, é preciso contribuir e tirar proveito dessas participações.
9. Em sua visão, como foi o comportamento do segmento de alimentação fora lar em 2011? Houve crescimento?
Foi um ano de evolução, no qual pudemos presenciar a ascensão da classe C ao consumo. Um ano que gerou boas oportunidades de crescimento e propiciou a abertura de novos estabelecimentos. O setor cresceu em média 12% este ano ou 5% de crescimento real, descontando-se a inflação.
10. Então você acredita que o que ditou esse comportamento foi especialmente o crescimento da classe C?
Sim. Mas, além do maior acesso ao consumo pela classe C, teve a abertura de novos negócios do setor, que pode ser percebida claramente somente em andar pelas ruas das principais cidades no país.
11. Quais foram as grandes conquistas do setor este ano?
As mudanças nas regras do Super Simples e o encaminhamento pela presidência da República do projeto para a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa.
12. Quais fatores impediram que os empresários deste segmento pudessem investir mais?
A insegurança jurídica é algo que assusta todo mundo, com mudanças constantes nas regras e a falta regulamentação para questões como, por exemplo, os 10% de gorjeta. Além das questões políticas, pois de uma hora para outra pode aparecer uma lei nova, o que sempre gera certa insegurança nos empresários.
13. E para 2012, quais são as perspectivas?
Espero que seja um ano de evolução para a Abrasel, especialmente pelo lançamento do Sou Abrasel, que possibilitará com que a entidade cresça em visibilidade. Além disso, esperamos firmar novas parcerias produtivas para todos os lados envolvidos. Acho que 2012 será um ano de muitos desafios, mas de muito crescimento tanto da Nacional como das Seccionais.
Por Letícia Nunes- revista Bares&Restaurantes