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Setor de bares e restaurantes é o que mais emprega no Brasil atualmente, com 6 milhões de pessoas ligadas ao segmento

"O segmento emprega 6 milhões de pessoas, são 1.400 CNPJs (empresas) ativos na Receita Federal, sendo que, desta base, são 600 mil microempreendedores. Vamos crescer uns 4% mais ou menos acima da inflação este ano, o que, em termos nominais, chegará a 8%", afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

Presidente da Abrasel, setor da economia que mais emprega no Brasil – são 6 milhões de brasileiros colaborando no segmento de bares e restaurantes –, Paulo Solmucci afirma que a classe que representa passa por alguma dificuldade hoje no país, mas vê crescimento no decorrer de 2023 em uns 4% acima da inflação. Isto significará algo como 8% em termos nominais ao final do ano.

O Food Connection entrevistou Paulo Solmucci durante a Fispal Food Service, principal evento do setor, com 40 anos de tradição, e parceira da Abrasel para o desenvolvimento sustentável do setor.

Confira a seguir a entrevista completa.

O que a Fispal representa para o setor de Bares e Restaurantes?

Estamos virando um mundo multicanal e um dos mais importantes desta série de canais é o canal presencial e reputacional. Dentro de uma feira como esta, existe uma troca intensa, com o fornecedor aprendendo com o cliente quais são os pontos efetivos que seu produto tem e que encantam este comprador. Ou seja, o consumidor explica o que é efetivamente o produto e porque ele funciona bem para o seu negócio.

O que você viu de novidades neste ano?

Temos aqui fornecedores com qualidade cada vez maior em seus produtos, que estão ficando muito sofisticados em termos de equipamentos. Estas máquinas atingem meios de produção, o marketing, a cozinha, enfim, toda a cadeia produtiva de nosso setor. Não se trata mais apenas de fazer um e-commerce para seu estabelecimento ou de comprar um maquinário. Aqui na Fispal, é possível ouvir o fornecedor, interagir com um cliente seu.

Vi gente falando que estava com um problema específico com determinado equipamento. Aí ele comentou o problema com outro empresário do setor, que pegou o cara pela mão, e os dois foram juntos resolver o problema direto no stand da empresa fornecedora.

Só a Fispal pode proporcionar uma coisa bonita assim. É uma troca incrível. São coisas únicas. Somos um setor que hipervaloriza o contato olho no olho com clientes, funcionários e fornecedores, mas aqui aprendemos que podemos ir além disso.

Comente em números a importância do setor que a Abrasel representa.

O setor de bares e restaurantes fechou 2022 com um faturamento em torno de R$ 500 bilhões. Deste total, 20% veio dos canais de delivery, o que é maior até mesmo do que o valor captado pelo delivery nos EUA, em torno de 16%.

O segmento emprega 6 milhões de pessoas, são 1.400 CNPJs (empresas) ativos na Receita Federal, sendo que, desta base, são 600 mil microempreendedores. Vamos crescer uns 4% mais ou menos acima da inflação este ano, o que, em termos nominais, chegará a 8%.

Como está a situação do empresário de bares e restaurantes atualmente no Brasil?

Estamos nos recuperando ainda, pois atravessamos um momento difícil. Eu digo que 21% das empresas estão operando atualmente com prejuízo, mais da metade está operando sem dar lucros, com muitas dificuldades para pagar os empréstimos que teve de fazer em razão da pandemia, que afetou muito o setor.

Do total do faturamento, 10% é destinado ao pagamento de dívidas. Aqueles que não têm lucro, para poderem pagar os funcionários, deixam de pagar impostos. Assim, estamos tentando dialogar com o governo federal, pedir que ele sente na mesa, e nós possamos expor nossas dificuldades.

Afinal, somos o setor que mais emprega no Brasil, com 6 milhões de empregos. Há mais de uma década, nosso segmento tem absorvido custos, deixando de corrigir os preços de acordo com a inflação. Isto é, a inflação sobe mais do que os preços que praticamos. É por isso que agora está mais barato comer fora de casa do que no passado. É isso que explica nossa expansão contínua.

E quais são as perspectivas para o setor, aos olhos da Abrasel?

Acho que vamos continuar a conseguir ganhos de produtividade. Nosso setor ganha quando há aumento de renda da população. Se tivermos uma classe média mais forte, com uma parcela grande da sociedade em condição de ascensão social, tendo aumento de renda, nosso setor cresce por consequência.

A gente também trabalha para aumentar a vida média (longevidade) dos estabelecimentos que representamos. Hoje em dia, um restaurante que abre, em média, dura apenas 3,4 anos e fecha as portas.

Para nossos associados, como temos muita preocupação em difundir conhecimento, treinamento e melhores práticas, chegamos a 4,4 anos de sobrevida. Se este ganho com a população melhorando de vida acontecer, é possível pensar que seremos mais produtivos, menos vulneráveis, gerando ainda mais emprego e renda, além de os negócios durarem muito mais tempo.

Há espaço para crescimento?

Sim. Com certeza. Há espaço para continuarmos a crescer acima da média de outros segmentos da economia. Só como exemplo, no Brasil, apenas 32% da população gasta com alimentação fora de casa. Nos EUA, este percentual sobe para 50%. Acreditamos que teremos um bom futuro pela frente com muito trabalho.

Lounge da Abrasel recebeu mais de 800 associados por dia

Uma oportunidade para trocar experiências, ampliar a rede de contatos e obter informações valiosas para o desenvolvimento dos negócios. Essa foi a tônica do lounge da Abrasel, que recebeu mais de 800 empresários por dia desde o início da Fispal Food Service e Fispal Sorvetes 2023.

“Muitos estão iniciando seus negócios. E outros que já estão estabelecidos vêm em buscas de novidades”, contou Paulo Solmucci, presidente da entidade, acrescentando que entre as principais demandas dos visitantes estão as ferramentas para melhorar a gestão.

O dirigente afirmou ainda que o evento é relevante porque permite que esses empreendedores encontrem produtos e serviços que vão atender suas expectativas em um só lugar. “Para os pequenos, o grande desafio é a credibilidade, validar que um determinado produto atende, de fato, suas expectativas. E quem vem comprar não pode errar porque tem o bolso curto”, declarou.

Segundo Daniel Corigliano, gerente da feira, 30% dos expositores são pequenos empresários. “A feira permite que os expositores de menor porte possam se desenvolver, por isso oferecemos a eles 25% de desconto para estarem aqui”, afirmou o gestor. Solmucci, da Abrasel, também comentou esse movimento:

“Para o pequeno expositor, uma feira como a Fispal Food Service é importante porque é um endosso de competência, de seriedade, de que seu produto tem qualidade. Estive em outros grandes eventos do setor de alimentos fora do país recentemente e foi uma grata surpresa ver que a Fispal Food Service está atualizada, muito em linha com o que estão oferecendo de melhor lá fora”.

Fonte: FoodConnection

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