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A produtividade deve ser um dos principais objetivos no empreender, e a inteligência artificial é um mecanismo que pode ajudar a conquistá-la. Foto: Freepik

O Brasil dispõe de 12% de toda a água doce e 30% das terras aráveis do planeta, de um incomparável subsolo de riquezas minerais, uma crescente população jovem, uma das maiores biodiversidades do mundo. Mas ainda tiramos pouco proveito do muito que temos. Isso significa que nacionalmente operamos com baixa produtividade, sem que nos utilizemos adequadamente dos fatores de produção que estão ao nosso alcance.

Desde quando em 1986 foi fundada a Abrasel, esta já era a razão de ser da entidade: que o Brasil fizesse girar a roda da produtividade e da inovação. Na classificação global de Produto Interno Bruto (PIB), somos a nona economia do mundo. Mas, quando se classificam os países pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que sinteticamente é a medida da qualidade de vida da população, o Brasil ocupa o 89º lugar em uma lista de 193 nações.

Os tópicos constantes do IDH são, entre outros, os de expectativa de vida ao nascer, renda per capita, escolaridade, desigualdade socioeconômica, segurança pública, condições habitacionais e ambientais. Em uma sociedade do livre empreender inclusivo, em que se promovem a igualdade de oportunidades, quanto maior a produtividade também maior será o desenvolvimento humano.

Por sua própria natureza, a Abrasel informalmente promove, em seu laborioso dia a dia nas ruas do Brasil, uma espontânea conscientização pública sobre as consequências altamente positivas de uma súbita curva ascendente, um ponto de inflexão, na produtividade nacional.

O imenso e desmedido valor da produtividade ainda não foi percebido por grande parte da população brasileira. Neste ano de 2024, a entidade também já começou a acentuar ainda mais este tema no seu calendário de 16 grandes eventos/nacionais e regionais, aí incluindo o da Fispal, em São Paulo.

Na Abrasel estabelece-se uma ligação muito estreita das ruas com as cidades, e das cidades com o país. No fim das contas, vê-se aí uma relação visceral entre o urbanismo (palavra que vem do latim “urbe”, cidade) e o caráter nacional.

A cidade com maiores índices de produtividade e qualidade de vida urbanisticamente resultam das mesclas de uso e, consequentemente, de elevadas densidades populacionais por quilômetro quadrado. Nelas, as residências ficam próximas do comércio lojista, do local de trabalho, da escola, do posto de saúde, da creche, dos espaços de lazer e entretenimento.

São assim as cidades da “proximidade”, em que os moradores resolvem nas suas vizinhanças, a pé ou de bicicleta, a maioria de suas obrigações diárias. Assim é, por exemplo, Paris. Diz Anne Hidalgo, a prefeita da capital francesa: “A cidade da proximidade é a cidade da produtividade”.

Em 2015, portanto há nove anos, os integrantes do Conselho de Administração da Abrasel aprovaram e divulgaram um manifesto nacional, intitulado “A partir das ruas, simplifica Brasil”, em que se defendia esse modelo urbano como forma de se elevar a produtividade nacional e a melhoria da qualidade de vida da população.

Portanto, as “cidades da produtividade” formam em suas vizinhanças as economias de aglomeração. O pai da mundial da Moderna Administração, Peter Drucker (falecido em 2005, aos 95 anos de idade), indicava as economias da aglomeração como trampolins para se elevar a produtividade e se incrementar a inovação. Uma rua com muito comércio e com vários serviços de portas abertas às calçadas facilita, como dizia ele, a comparação de preços e qualidade, gerando-se consequentemente mais competição, inovação e, portanto, mais produtividade.

Dizia Peter Drucker: “Os faróis da produtividade e da inovação devem ser nossos guias”. Vozes brasileiras seguem o pensamento disseminado pelo guru da Moderna Administração. Entre eles está o economista Marcelo Neri, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que afirmou: “A felicidade geral da nação é mapeada pela produtividade”.

E, mundo afora, acumularam-se declarações semelhantes à do norte-americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia de 2008: “A produtividade não é tudo, mas é quase tudo. A capacidade de um país elevar a qualidade de vida depende quase que inteiramente de sua capacidade de aumentar a produtividade”.

Já na virada para o novo milênio, a Abrasel percebia que a produtividade visceralmente era a sua razão de ser. Desse modo, a entidade gradativamente buscou espalhar-se nos estabelecimentos de portas abertas às calçadas. Intuía-se que a rua viva deveria ser o caminho para que o Brasil decididamente ligasse nacionalmente a chave da produtividade.

É o que se indicava na sua bússola interior. O que era uma intuição, virou convicção, determinação, perseverança, propósito existencial. O setor da alimentação fora do lar é um infalível ativador de vida urbana; isto é, de vizinhanças residenciais com lojas do varejo e também com os mais diversificados serviços.

A Abrasel antecipava o que duas décadas depois, em 2021, diria a prefeita de Paris: “A cidade da proximidade é a cidade da produtividade”. Na soma das 5.570 cidades brasileiras, estamos desperdiçando um país que tem 87,1% de sua população vivendo em áreas urbanas. O índice de urbanização dos Estados Unidos é de 82,7%.

A Abrasel investe suas inteligências humanas e digitais em prol da capacitação, da competividade e da inovação das ruas. Auxilia os empresários do setor para que realizem permanentes ajustes de rota dos negócios, por meio dos canais online de auto diagnóstico, que têm o respaldo da inteligência artificial.

Com essa finalidade, utilizam-se ferramentas como as do marketing digital, que têm o respaldo da inteligência artificial. E o Sebrae, em parceria com a Abrasel, gratuitamente promove cursos de capacitação para gestores de cafés, bares, lanchonetes, hamburguerias, bistrôs, restaurantes self-service e à la carte.

O setor da alimentação fora do lar gera, com seus estabelecimentos, espaços de interação humana, propicia o bem-estar quase caseiro às economias de aglomeração que advêm do urbanismo das cidades adensadas e de usos mesclados.

Seja de que partido for, no dia 6 de outubro vote no candidato (obviamente honesto e íntegro) engajado no aumento da produtividade urbana, com residências inseridas na economia de aglomeração. Isto é, com comércio lojista, com plena infraestrutura, inclusive a da internet de fibra óptica. É como indica Anne Hidalgo, prefeita de Paris. A produtividade nacional resulta da soma da produtividade das ruas de todos os municípios.

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